Orgulhosa do passado. Dinâmica no presente. De olhos postos no futuro. Com uma história que remonta ao século IX, Hamburgo é Capital Verde da Europa 2011 e possui um sistema de transportes inovador. Fervilhante e intensa, consegue sempre surpreender.
Inabalável. Eis a palavra que melhor define a segunda cidade alemã. Vítima de inúmeras destruições ao longo de mais de 1000 anos de história, não se deixa vencer por adversidades. Ciente do seu vasto passado, lança-me um desafio: visitar o magnífico centro histórico. Apesar do frio neste cinzento dia de outubro, aceito sem hesitar. Enquanto percorro diversas ruas mágicas, entro na cápsula do tempo. Viajo até ao século XII na igreja St. Petri. A cabeça de leão que embeleza a porta principal é a peça mais antiga de Hamburgo. Já na fantástica igreja gótica St. Jacobi dou um salto ao século XIV. Devastada durante a segunda guerra mundial, encerra inúmeras surpresas: Altares medievais, pinturas, esculturas, assim como um dos maiores órgãos barrocos do planeta. Estimulada pelo vento da história, sigo até à Câmara Municipal. Edificada em 1897 (o antigo edifício foi totalmente destruído por um incêndio em 1842), localiza-se no largo do mercado municipal. Considerada uma das mais fascinantes construções da cidade, encanta com as suas paredes decoradas em estilo renascentista e a extraordinária fonte Hygieia. O pátio interior é um absoluto hino à beleza.
Exuberante e artística, Hamburgo é indissociável da arquitetura. E da música. Berço dos geniais compositores Georg Friedrich Händel (1685) e Johannes Brahms (1833), torna-se palco do início de carreira internacional de uma das maiores bandas de sempre: Os Beatles. Estávamos no começo dos anos 60. Após caminhar por séculos de história, regresso ao presente. É tempo de saborear uma merecida refeição. O ambiente descontraído de um dos cafés do centro conquista-me desde logo. Lembro-me do contraste das flores vermelhas com as toalhas brancas. Do sorriso largo da proprietária. Da voz festiva dos estudantes. E do sabor divinal do Pfannfisch (uma espécie de omelete com pedaços de peixe de carne branca, bacalhau ou salmão e cebola).
Pelos trilhos do futuro
São 13:00. A tarde acolhe-me com um sorriso. E sem chuva. A minha jornada continua por outros caminhos – os da água. Com inúmeros canais, Hamburgo é um dos maiores portos do mundo. Enquanto contorno o deslumbrante lago Alster, deixo-me reconfortar por um generoso copo de cerveja. Bem como pela visão tranquila da cidade contemplada de barco. Os palácios elegantes. As velhas igrejas barrocas. As estruturas de vidro e aço. O antigo e o moderno casados no horizonte.
Lombardsbrücke, Kennedybrücke – são muitas as pontes que atravessam os rios. 2479 na totalidade (é a cidade europeia com mais pontes). Finalmente percebo a razão pela qual Hamburgo ficou conhecida como a “porta de entrada do mundo”. E do futuro, acrescento. Eleita capital verde da Europa 2011 pela Comissão Europeia, é indiscutivelmente um dos “pulmões” da Alemanha. Prados, parques, florestas, regiões pantanosas e charnecas perfazem 41% da sua área. Quantas às árvores plantadas nas ruas, enfim, são numerosas. Uma, duas, três,…240 000!
O meu passeio prossegue. Por entre bairros cosmopolitas, vou desvendando novos rostos desta cidade multifacetada. Há sempre algo que surpreende. A qualidade do ar, por exemplo. Atenta às necessidades das gerações vindouras, Hamburgo tem um objetivo ambicioso: a redução das emissões de CO2 em 40% até 2020 e em 80 % até 2050. Sem esquecer a eficiência energética em edifícios e o fantástico sistema de transportes públicos. Recorrendo a novas tecnologias, apresenta o dom da “ubiquidade”: Os habitantes não necessitam de caminhar mais do que 300 metros de suas casas para encontrarem uma estação de comboio, metro ou autocarro. As horas envelhecem. Depois de uma luta renhida com a luminosidade, a escuridão conquista a atmosfera. Música, precisa-se! Resoluta, dirijo-me a um dos mais populares bares de jazz – Cotton Club. O concerto torna-se ainda mais especial após um copo de Rotweine – vinho tinto. Uma noite inesquecível. Assim como esta viagem. O filósofo inglês Francis Bacon afirmou uma vez: “Escolher o seu tempo é ganhar tempo”. Em Hamburgo, o tempo é passado, presente e fututo. Numa cidade.